sexta-feira, maio 11, 2007

Santo capitalista?

Josemar Lopes


Independentemente de qual religião você siga, ou mesmo que não siga religião alguma, você sabe que o evento ocorrido em maio, a canonização do Frei Galvão, é um fato marcante para o Brasil, afinal, é o primeiro santo do país mais católico do mundo.

E o que isto tem a ver com política e capitalismo? Você pode estar se perguntando. A resposta é simples: tudo! Primeiramente, é quase irônico que o país mais católico do mundo, com tantos religiosos de destaque ao longo de sua história, tenha levado mais de quinhentos anos para ter o seu primeiro santo. A razão para tanta demora seria a mesma pela qual os produtores e prestadores de serviços do Brasil tantas enfrentam tantas dificuldades para se destacarem lá fora, ou seja, a delicadeza de nossos representantes?

Como sabemos, a religião, principalmente a católica, historicamente tem exercido grande influência política (não confundir com politicagem) e econômica. Sendo assim, devemos nos questionar se o Brasil saberá usar bem o grande significado político e econômico desse fato e, principalmente, nos questionarmos sobre o que poderemos fazer para colaborar. Pois é perfeitamente possível utilizar este episódio para promover a imagem do país lá fora (quem sabe, abrir mercados para produtos religiosos, por exemplo) e incrementar o turismo religioso, que é um dos setores do turismo que mais resiste a crises, para trazer divisas ao país.

Sabemos que a canonização de um santo não é suficiente para aquecer a economia do país ou melhorar significativamente o nível de vida da população de uma região, mas grandes construções são feitas com a união de pequenos tijolos. Convém, então, que não se deixe passar esta oportunidade,como passaram outras, mesmo que não pareça algo esplêndido para a economia ou para o desenvolvimento social do país. Assim, cabe a cada um de nós nos questionarmos sobre o que podemos fazer, e como podemos fazer para que Frei Galvão traga ao país, além dos milagres já conhecidos, o milagre da multiplicação: multiplicação das oportunidades, da melhoria de vida para as pessoas de mais baixa renda; enfim, a multiplicação das visões sócio-políticas e econômicas que podemos ter sobre sua canonização.